Ricardo Freire Blanco deixou gravada no final da sua vida uma amostra da sua capacidade interpretativa numa fita cassette que ainda conserva a sua família.
O legado do guitarrista abrange áudios, vídeos, documentos, fotografias, cadernos de notas, cadernos de desenho, planos de construção, e a enorme partitoteca com todo o tipo de música para guitarra.Um tesouro com música do repertório clássico europeu e também da América Latina publicada nas décadas centrais do século XX.
O uso das palavras "guitarra" e "vihuela" como sinónimas é frequente, o que determina um autor, ou autora, da primeira metade do século XIX ou mesmo anterior.
O Álbum de guitarra galega.Nível básico abre com uma apresentação breve dos fundos presentes no caderno, bem conhecidos do público interessado.Depois seguem umas notas específicas sobre a transcrição e edição das partituras, com um comentário especial para a interpretação das moinheiras integrantes do álbum.
Não foi intenção de António Torres a de criar um modelo único de guitarra, nem a de extinguir o resto de modelos diversos que existiam para o que nós costumamos chamar de ‘grande família das guitarras’.
"John Dowland.La música inglesa en tiempos de melancolía" faz uma defesa aberta da música para alaúde como um dos repertórios europeus mais belos e admiráveis.Isto não seria possível se o instrumento não fosse já, na sua construção, uma obra de arte dentro do âmbito artesanal.
As partituras originais teriam sido reunidas ao longo do tempo, entre o final do século XVIII e boa parte do XIX.Finalmente, para as salvar do deterioro teriam sido copiadas no Álbum durante as décadas centrais do século XIX, tendo possivelmente servido como instrução de guitarra a várias gerações dos Torres Adalid.
Há aqui um grande trabalho por fazer na recuperação desta música de câmara com guitarra, que soou na Corunha no início do século XIX e que hoje ajuda a ilustrar o ambiente guitarrístico galego não unicamente da perspectiva do instrumento solista, ou popular, mas também do intenso cultivo camerístico por parte da burguesia galega.
A Sonata escrita para guitarra de seis cordas, sem indicação de autor, é a obra de mais peso de todo caderno.Esta sonata estende-se por várias páginas e desenvolve-se na escritura chamada 'violinística' típica da época, que caracteriza a composição para guitarra.
Estes apontamentos sobre o naviego Amador Campos fornecem também elementos para entender o que aconteceu com o repertório galego para guitarra na primeira metade do século XX.Não vemos no seu programa obras de autores galegos, e sim uma influência grande dos guitarristas doutras partes da península.